Tenho buscado fugir do padrão, do estresse, do excesso de informações, de um modo opressor de viver. Apesar de tentar não fico pensando em como fazer isso, ao contrário, simplesmente não tento, não penso, esqueço.
Venho vendo que há tanta notícia e propaganda, sobretudo virtuais, que estamos nos condicionando a absorver, cada vez mais, menores conteúdos ao invés de nos aprofundarmos em poucas coisas, no que é relevante. Hoje importa mais estar conectado em todas as redes sociais e através delas perceber cada reação publicada do que adensar as que efetivamente importam.
Quarta-feira (29) estava no aeroporto e isso ficou claro. No saguão de embarque, enquanto esperavam, poucos eram os que nada faziam, poucos eram os que absorviam o que o dia havia lhes trazido, depurando emoções ou ligando os conhecimentos ainda soltos. Poucos eram os que se davam conta de que um dia terminava e muita água havia rolado. De chuva em debaixo da ponte.
Alguns lanchavam, outros liam revistas, livros, jornais. Poucos dormiam. Muitos olhavam fixos para seus celulares ávidos por torpedos, emails e conexões. Ah, também usavam-no para falar. Quem não estava ao celular tinha refletida nos olhos a tela do notebook. Não sei se trabalhando ou ligados nas últimas notícias, passavam o tempo fazendo alguma coisa. Pareciam não querer ficar a sós consigo mesmos.
Eu me peguei fazendo nada, acalmando minha cabeça, digerindo as reuniões dos dias anteriores, calando-me por causa de uma discussão, conhecendo-me um pouco mais.
Não é de hoje que faço essa campanha e por ora vou insistir nela: não ao blackberry. Por um mundo de mais reflexão, de mais densidade, de mais ideias, de menos imediatismo. Porque nós não precisamos de tantas coisas supérfluas, precisamos ser relevantes.