Limites

Limites

24.2.22

Futuro do Subjuntivo

É difícil decidir quando culpa e paixão disputam influência sobre as escolhas a serem feitas. Entre projetar um sonho e abdicar dele, os protagonismos se alternam.

Vejo-te perdida mas a sinto perto. Penso em você e descubro o reflexo das minhas aspirações.

Parece um cenário pronto, um reencontro improvável. De tanto crer e ver e saber, me afogo no medo de, quem sabe, de súbito, tudo escapar às mãos. 

Para te ter e fazer o impossível real, preciso deixar meus medos na porta. 

Seja o que Deus quiser: já não sou mais eu. É você, sempre foi você.

Isso e algo mais

Queria estar ao seu lado e segurar suas mãos.

Fazer tudo e fazer você feliz.

Te dar uma trilha sonora e sonhos.

Olhar sem cansar e sorrir com você.

Esquecer o mundo e sonhar.

Fazer um laço e uma aliança.

Te proteger da dor e ouvir cada sussurro do seu coração.

Descobrir uma palavra para te consolar e te abraçar de novo. Até você dormir, segura.

23.2.22

Eu nunca entendi o seu silêncio.
Não tentei descobrir o que pensava 
Jamais perguntei.
Falamos de outras dores, outras cores, não de você.

Sempre te vi quieto, em casa
Talvez pensando no que passou
Sempre no que passou, pouco no que poderia vir.

Imagino que os clássicos que te acompanhavam
Te levavam para muito longe,
Para um lugar de idealizações, para a longínqua perfeição,
À não alcançada realização.

De tão longe voar, para tão distante fugiu.
Tão além chegou que pouco pudemos conversar.
A força da voz e da razão escondiam sua tão flagrante fraqueza,
Sua incapacidade de se dar com ternura.

A têmpora enervecida falava mais alto que o amor calado.
Tão pouco, parecia envergonhado.
Envergonhado, quase enlutado. Entalado.

Não conheci os caminhos que te cobriram de pó.
Não conseguirei saber se seu coração batia calmo ou de tão perdido preferiu a escuridão.
Só posso lembrar do que não foi dividido, do que não foi ensinado,
do que não foi mostrado, do que não se pode consertar.