Limites

Limites

19.3.04

PREDILETA E ÚNICA

Quantos mistérios escondem seus olhos escuros?
Ora em sorriso abertos, ora tão frios e distantes.
Tantas mudanças me deixam sem saber se você tem segredos que podem nos matar,
ou se é apenas medo que te faz se esconder na dúvida.

16.3.04

PORQUE SENDO FRACO É QUE SOU FORTE (E ESSA É MINHA FRAQUEZA)

Nunca fui trovador,
nunca fui “escrevedor de versos”,
nunca soube juntar letras e fazer poema.

Sempre fui apaixonado.
apaixonado pela briga,
pela oposição,
por tudo que é intenso,
que me faz perder o raciocínio e o argumento,
assim como a paixão.

Porque a paixão é assim,
quebra toda a lógica,
faz caso dos conceitos,
dificulta decisões.
Na verdade, impede qualquer decisão.
Passamos a ser movidos por impulso.

Perdendo a luta com a razão,
vencido pelo intenso instinto,
quero comemorar com você o sexto dia de cada mês.

Beijos.

12.3.04

APENAS UM ENSAIO

Ser julgado: coisa que incomoda todo mundo e a qual todos estamos sujeitos. Esse nosso espaço, por exemplo, estará sempre à merce da desaprovação e reprovação pública. É o ônus de expor idéias. Nem mesmo a perfeição nos isenta de julgamento, e como é a imperfeição que comanda nossos atos, geralmente ouviremos e sentiremos o gosto da voz contrária.

Considero existir uma diferença entre julgar e emitir opinião. Talvez eu possa tentar explicar, de forma resumida e não muito convincente, a diferença que existe entre essas duas formas de análise: se eu falo sobre uma roupa, um prédio, um quadro, não estou julgando mas emitindo a minha opinião. Estou dizendo se aquilo agradou ou não o meu conceito de estética, de aparência. Se falo, por outro lado, de comportamento, de valores íntimos, deve ser isso considerado julgamento.

Vejamos. O que é meu, íntimo, pessoal, intrínseco, só pertence a mim. Eu estou utilizando como parâmetro para a minha vida, para os meus sentimentos e não para os outros. Assim, ninguém tem direito de interferir nessas escolhas que faço porque não as participo a mais ninguém. Já, se me disponho a exteriorizar meus gostos e submetê-los ao crivo público, serei obrigado a colher elogios ou não. Mas aí serão meras opiniões.

Por fim e como tentativa inicial de fazer estas diferenças, posso não concordar com alguém que casa oito vezes. Essa será a minha opinião. Mas a partir do momento que me afasto da pessoa por causa desses oito casamentos, a estarei julgando.

Sei que ainda preciso trabalhar melhor essas definições, mas este é apenas um ensaio.

3.3.04

A MINHA INDIGNAÇÃO


Eu havia impresso um ritmo forte na minha vida. Queria mostrar o que era capaz de fazer. Buscava conhecimento antes do tempo, construí competência e criei aparência de competência. Tinha anseio de controlar tudo, inclusive a mim. Era premente me conhecer, prever minhas atitudes, analisar meu temperamento e moldar minha personalidade de forma que me pudesse ser útil. Eu estava a meu serviço. Mas fui parado bruscamente e desde então as descobertas têm me sido reveladas quando estou desarmado e sem esperar ou em busca delas.

Alguns questionamentos continuam latentes, não sei se em função da minha insistência em querer me torturar ou porque efetivamente são fatores que me incomodam e dos quais almejo uma descoberta sincera. Tenho começado a formar minha opinião em torno da honestidade das avaliações feitas à luz da razão. Talvez elas estejam impregnadas por muitos conceitos que foram criados desonestamente e nos passado, talvez não seja o que efetivamente pensaríamos. Sei que as decisões e conclusões construídas sob forte emoção nos parecem insensatas justamente pela falta de um estudo mais denso sobre o assunto. Podem não ser as mais equilibradas, mas são sem dúvida as mais honestas. E não “talvez”, mas por certo é isso que se faz escasso hoje: honestidade.

Preciso admitir, não por uma declaração político-social mas porque faz parte da minha essência, porque compõe o caráter que tentei durante tanto tempo desvendar, que a diferença racial absorve boa parte dos meus pensamentos e sentimentos, que isso me consome as emoções, pesa minha cabeça e me tensiona. Não consigo, definitivamente, suportar as idéias separatistas, de superioridade ou inferioridade. Não posso aceitar a prepotência de “nacionalistas” ou a “proteção” hoje comum de governos que, intervencionistas”, falseiam uma igualitarização das raças, quando só existe uma raça: humana.

Tentar promover, por exemplo, sistema de cotas para ingresso em universidades ou empregos públicos é não só reafirmar a podre história contada pelos colonizadores a respeitos dos índios – chamando-os de indolentes -, ou sobre os negros tratados como indignos ou ainda judeus, separatistas russos ou chechenos, curdos, palestinos, irlandeses britânicos ou não. Não importa a razão da diferença, a razão é fazer da diferença algo insuportável à convivência, é lançar mão dela para criar critérios de comparação e produzir teorias de superlatividade. Isso tudo é que corrompe. Jamais haverá diferença, intrínseca ou extrínseca, capaz de mudar a condição de todos os homens: o fato de terem sido criados pelo mesmo Deus.

Definitivamente, isso me causa repulsa, incomoda profundamente minha concepção de justiça, relacionamentos e, especialmente, de vida. A vida é curta demais para se sentir ódio. Enquanto deixarmos que nossas paixões desfaçam os laços que nos unem, perderemos tempo com discussões verborrágicas e tentativas insinceras de solucionar aquilo que não é culpa do sistema de distribuição de renda ou do histórico de formação política, social ou religiosa do País, mas que está dentro de cada um.

Queria que fossem mais do que palavras, mas palavras apenas são e assim vão continuar, aqui, pelo menos.