Limites

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31.12.03

OS FOGOS LÁ FORA

Hoje é dia 31. Quase 9 da noite. Os fogos já começam a explodir comemorando o fim de um ano e o início de outro.
Há dois anos eu saía de casa e te teixava deitado no sofá. Naquele ano, já por causa da doença, você não estava indo para Copacabana como gostava. Te perguntei se queria que eu ficasse e você me respondeu: não precisa meu filho. Pode ir. Um feliz ano novo. E eu fui. (sua voz é clara agora na minha lembrança)
Eu não sabia que o feliz ano novo que você me desejava seria o mais difícil de todos meus anos.
E cada ano que passa eu tenho mais certeza de que não estava pronto para viver sem você.
É essa a confirmação que mais um ano, começando, me traz.
Como ainda sinto sua falta.
Um beijo, Pai.

29.12.03

NOSSOS VOTOS DE FELICIDADE

Nossos votos são de que em 2004...

  1. haja luz no seu caminho, afinal, andar no escuro é bem mais difícil.
  2. haja paz e serenidade na sua cuca para tomar as decisões que vai precisar.
  3. que tudo dê certo.
  4. que seja muuuito melhor que 2003.

Mas....

Se a vida te der as costas, passe a mão na bunda dela!

Feliz 2004 ! ! ! !

24.12.03

Porque é assim: a arte de não pensar

Numa conferência, num simpósio ou em qualquer palestra, ao final deve-se aplaudir. Mas aplaudir o quê? Se o conteúdo tiver sido raso, a exposição confusa e cansativa? Pouco importa, haverá aplausos. E tal fato passa longe de regras de etiqueta. A platéia faz porque é assim. Esse exemplo foi dado pelo entrevistado de Antônio Abujamra ao criticar a falta de imaginação, coragem e sede pelo novo que acomete o jornalismo nacional e programas televisivos em geral. As fórmulas são exaustivamente repetidas. Vêm do exterior e logo se alastram pela grade, tomando conta de todos os meios de comunicação. Os telejornais e “reality shows” podem representar com clareza o sintoma apresentado naquela entrevista.

Ouvindo tudo o que se dizia, sem muito esforço, fui obrigado a concordar. Na verdade, concordei imediatamente.

Não acredito que seja inquietação exclusiva minha. É incrível ( “não dá para acreditar”) a pobreza que entranhou a sociedade. A dificuldade de tentar diagnosticar sua causa me impede de arriscar palpites. Onde e quando tudo começou talvez alguns sociólogos, antropólogos, filósofos e afins consigam nos ajudar a descobrir, não eu.

É importante esclarecer que não está sendo abordada aqui a massificação do consumo, apesar de, talvez, os "ólogos", um dia, digam que isso faz parte daquilo. O problema não é a universalidade da calça Lee, da Coca-cola, celulares, tamagoshis, ou qualquer outra febre publicitária que assole o mundo ocidental (e oriental também). O problema é a falta de questionamento. Por que as pessoas aceitam, sem reflexão, toda postura social que lhes é imposta? Por que as pessoas simplesmente aceitam a opinião pública como a sua própria opinião, se a tal opinião só é pública porque é a opinião de alguns que a tornaram pública, mas não nasceu do público?

Boa parte da alienação e preguiça intelectual vem exatamente de quem se espera a diferença. Dos seres dotados e reconhecidos em seus nichos sociais como “pensadores”, intelectuais. O curioso é que também o cult é formatado. Para que você seja reconhecido como um cara inteligente, pensante, formador de opinião, inconformado com o caos social em que vivemos, é preciso:

1- odiar FHC e seu governo;
2- apoiar incondicionalmente Lula e suas idéias, bem como suas escolhas (Benedita da Silva como ministra!!!!), mesmo que isso signifique antagonizar os ideais pretérito-recentes, afinal ele é de esquerda;
3- ser de esquerda;
4- venerar Chico Buarque;
5- aplaudir os pronunciamentos do Caetano Veloso;
6- repetir à exaustão os lemas de Betinho;
7- gostar de cinema europeu;
8- considerar o cinema norte-americano como “não-arte”.

Não quero tratar se essas afirmações têm mérito ou não, porque reconheço qualidade em muitas delas. O problema está no absolutismo dessa cartilha. Existem normas cult. É cult agora gostar de forró. Não importa se antes o mesmo cidadão, inteligente como sempre foi, achava uma “sub-cultura”. Agora ele tem que gostar, ou no mínimo aceitar como legítima manifestação cultural nordestina que merece o seu espaço, etc, etc, etc.

Sim tudo isso é triste e transcende direitismos ou esquerdismos, socialismos ou capitalismos, pobreza ou riqueza, inteligência ou burrice, boa formação ou sua falta. É sintomático. Está enxertado no âmago da maioria de nós.

Talvez consigamos começar a reverter essas irritantes obrigações e consequente condição de "ser não-pensante" quando tivermos coragem de assumir nossa personalidade e expusermos nossas idéias. Cada um de nós.

19.12.03


Um pouco de politicagem: confirmados para as distritais: César Maia, Conde, Crivella, Denise Bittar... E ainda falta o PDT colocar seu nome da disputa. Vai ferver! O que se pensava barbada pro Cesar, já mudou.

E a Benedita ("mulher, negra e favelada"), não se cansa de encrenca. Pelamordedeus! Quando era Senadora envolveu-se numa reforma caríssima em seu apartamento funcional que distoava das origens proletárias. O escândalo não foi a obra, mas por ter sido bancada com dinheiro público. Pouco tempo depois já estava dando explicações ao TCE pelas contas de seus 8 meses de governo (juntamente com seu antecessor Garotinho) que foram rejeitadas pelos conselheiros. Agora Ministra mistura Estado com Igreja, gasta verba estatal para uma viagem religiosa e enche de munição os anti-evangélicos. Mesmo com o dinheiro devolvido, o estrago já estava feito. É, a coisa tá preta!

Afinal, para que serve o Tribunal de Contas se, quando uma prestação de contas é rejeitada, a Assembléia pode passar por cima da avaliação técnica? Como a Assembléia aprova orçamento de governo em desacordo com a Constituição?

Maus dias esses de politicagem solta!