Pequeno que um dia foi grande, pequeno de dois lugares e de muitas trocas; pequeno de muitas lembranças.
Era o lugar onde eu encontrava meu pai lendo, sempre encostado em um dos braços e com as pernas estendidas sobre as almofadas. Também era onde eu, criança, dormia e cabia de corpo inteiro.
As pernas aumentaram mas o sofá não mudou. Hoje, ontem e anteontem, como fora ano passado, retrasado e em mais de vinte outros anos, deitei, ajeitei-me e logo dormi. Dormi bem naquele sofá que parece pequeno mas onde sei, mesmo no escuro, como descansar.
Nem tudo na vida tem o nosso tamanho, vem do nosso jeito ou ao nosso gosto.
Existe abraço que não acolhe e mão que não encaixa. Há pessoas diferentes, umas falam e outras calam, umas sonham e outras esquecem.
Talvez a gente só precise de um sofá velho. Um sofá para contar histórias. De qualquer tamanho, jeito ou forma. Ao seu gosto, que atenda aos seus desejos e te inspire novas ideias. Que te dê novos e bons motivos, ajude-te a inventar uma ou outra desculpa mas também permita viver doces ilusões.
Eu tenho um sofá pequeno. Ele já foi do meu avô.
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