Dois Amores
A gente ainda não parou de perguntar como descobrir o amor.
Para uns o amor simplesmente se sente, descobre-se;
para outros é uma escolha, uma decisão, um bom esforço.
Talvez haja dois tipos de amor: um objetivo, outro subjetivo.
A pergunta, apesar de tão repetida, ainda não se esgotou porque em uma fórmula ou em outra, para tantos, o amor acaba.
Muitos lutaram, dedicaram-se, decidiram construir uma parte racional naquilo que era eminentemente emocional.
Já quantos outros pararam no dia em que se apaixonaram e imaginaram que o amor seria nada mais que a parte boa sentida perto do ser querido.
Penso que talvez haja lugar para os dois.
Só trabalhar para construir com suor e abdicação aquilo que ainda não existia, pode representar a morte da parte mágica dessa história que move homens e mulheres, um em direção ao outro, desde que fomos criados.
Por outro lado, deixar o tempo passar e acreditar na cabana, só na cabana, pensar que o amor lúdico sobrevive à falta de atenção, de cuidado, de cultivo, também resulta no fim doído do que se imaginava eterno.
Quem sabe o amor possa ser eterno.
Se tivermos sorte de sentir mais que simpatia por alguém,
Se por acaso nos encontrarmos com aquela que, sem qualquer explicação, mexe com as nossas mais firmes razões,
Se não formos covardes demais, se tentarmos e corrermos o risco da dor, da desilusão
(quantas vezes é melhor um sentimento individual, não correspondido mas também não atacado...),
Se formos correspondidos, se cultivarmos, se nos esforçarmos,
Se decidirmos firmemente amar aquela pessoa,
Se resistirmos a permanecer naquele amor e renová-lo constantemente...
Sim, talvez seja possível.