Limites

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2.12.09


Hexa, por uma semana


Ainda que apenas por uma semana, terá valido a pena.

Tudo de improvável aconteceu no caminho para Campinas, na estrada que levava o Flamengo à liderança e nós a uma emoção sentida há 17 anos.

A viagem que começou às 10:30 do domingo guardou alguns sustos. No primeiro pedágio um carro à frente resolver dar ré e, já próximos à cancela do pedágio, não houve como evitar a colisão. Não tive tempo de perguntar se ele era vascaíno ou tricolor (botafoguenses, como sabido, não existem, são seres da imaginação coletiva), nem mesmo pude esperar a PRF para fazer o registro que garantiria a cobertura pela Seguradora, afinal, importava mais chegar logo ao destino. Prejuízo maior seria perder o jogo.

Já na Dom Pedro um pé d'água digno de "Águas de Março" não nos deixava enxergar uma coruja à frente, e, de repente, o limpador do para-brisas deixou de funcionar. O medo durou alguns minutos. A solução foi reduzir a marcha, ligar o pisca-alerta e, de olhos bem abertos, orar muito para que Deus nos guardasse.

TUDO acabou bem. Com 1 minuto Edu pedia substituição, e algum tempo depois Ronaldo 'sentia' a coxa e abandonava a batalha, sendo ovacionado pela torcida visitante emocionada com mais aquele demonstração de amor ao seu verdadeiro clube de coração. A essa altura ainda empatávamos e o São Paulo vencia o Goiás. A preocupação era grande mas continuamos a cantar. Logo após a saída do Traíra tudo mudou e foi uma sucessão de choros: gol do Zé Pretinho e 10 segundos depois o rádio anunciava o empate do Goiás que nos dava a liderança.

Antes do intervalo a Magnética ensandecida ainda vibraria com o segundo gol do Goiás e com uma defesa do Bruno em falta cobrada no ângulo pelo Chicão. O título estava pela primeira vez nas nossas mãos.

A longa fila de quase 2 décadas, as histórias recentes de fracassso..., tudo fazia com que, apesar da maré favorável, o pensamento de todos os rubro-negros em Campinas fosse de tensão, de alegria contida. Meu tio que havia deixado de acompanhar futebol nos tempos de Zico e andava desiludido com as pífias partidas nos últimos 25 anos, também voltou a vibrar com a equipe de Andrade e ligou no intervalo pra falar dos outros resultados.

A cada gol do Esmeraldino (ainda foram mais dois), o sorriso enlarguecia e só era travado quando o argentino do Corínthians resolvia assustar a Nação e tentava acabar com o sonho do Hexa. Pelos Céus, isso não aconteceu.

A cena que o Caco Barcellos não filmou foram vários de nós chorando ao final do jogo quase incrédulos com a derrota do São Paulo, a vitória que nos dava a liderança e a proximidade - outro dia tão improvável - de um título engasgado em 35 milhões de corações.

A volta foi sem sustos, sem chuvas, sem batidas, com muita conversa e com a ansiedade multipicada por 7. Se 7 serão os dias em que teremos sido líderes ou dos que faltam para a grande celebração ainda não sei, mas, certamente, a paixão de muitas gerações estará renovada e a perpetuação desse amor garantida para muitos rubro-negros que ainda nascerão e ouvirão histórias como essas vividas por seus pais.

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