Limites

Limites

30.12.09


Dois Amores

A gente ainda não parou de perguntar como descobrir o amor.
Para uns o amor simplesmente se sente, descobre-se;
para outros é uma escolha, uma decisão, um bom esforço.
Talvez haja dois tipos de amor: um objetivo, outro subjetivo.

A pergunta, apesar de tão repetida, ainda não se esgotou porque em uma fórmula ou em outra, para tantos, o amor acaba.
Muitos lutaram, dedicaram-se, decidiram construir uma parte racional naquilo que era eminentemente emocional.
Já quantos outros pararam no dia em que se apaixonaram e imaginaram que o amor seria nada mais que a parte boa sentida perto do ser querido.

Penso que talvez haja lugar para os dois.
Só trabalhar para construir com suor e abdicação aquilo que ainda não existia, pode representar a morte da parte mágica dessa história que move homens e mulheres, um em direção ao outro, desde que fomos criados.
Por outro lado, deixar o tempo passar e acreditar na cabana, só na cabana, pensar que o amor lúdico sobrevive à falta de atenção, de cuidado, de cultivo, também resulta no fim doído do que se imaginava eterno.

Quem sabe o amor possa ser eterno.
Se tivermos sorte de sentir mais que simpatia por alguém,
Se por acaso nos encontrarmos com aquela que, sem qualquer explicação, mexe com as nossas mais firmes razões,
Se não formos covardes demais, se tentarmos e corrermos o risco da dor, da desilusão
(quantas vezes é melhor um sentimento individual, não correspondido mas também não atacado...),
Se formos correspondidos, se cultivarmos, se nos esforçarmos,
Se decidirmos firmemente amar aquela pessoa,
Se resistirmos a permanecer naquele amor e renová-lo constantemente...

Sim, talvez seja possível.

17.12.09


A salvação não está nas pílulas

A pílula da felicidade não existe e todos nós infelizmente sabemos disso.
Apesar de algumas verdades serem aceitas quase à unanimidade, muitos de nós, vez por outra, esquece e sai em busca de mágica.
Pílulas azuis, antidepressivos, anabolizantes, ecstasy...Drogas ilegais fora, ainda que as legais tenham sua importância e possam ajudar tanta gente que delas necessite num certo momento, o problema está em deixar de enfrentar a causa da dor e viver com uma cartela de tarja preta na primeira gaveta da escrivaninha.

As nossas ansiedades incontroláveis precisam ser curadas e não apenas abafadas por uma noite de sono. Não se cura o mal desligando o corpo e abafando as ideias turbulentas. As noites passam, os efeitos das drogas passam, as crises - por até muito tempo - passam e as damos como curadas. Até o dia que em que voltam.

A felicidade não é vendida em cápsulas, a infelicidade não pode ser tratada com pílulas; a ansiedade pode ser controlada com remédios mas a causa dela precisa ser descoberta.
Todas as dores da alma têm um motivo e, assim como tudo na vida, é preciso trabalho, dedicação, tempo e coragem para buscar no desconhecido aquilo que nos libertará.

9.12.09

(esse texto era rascunho desde 2005. Voltou agora sem querer. Talvez ainda esteja incompleto)

Recomeçando, continuando

Mais uma vez estou confuso e envolvido em dúvidas maiores que eu.
De novo me sinto fraco com muito medo de errar, ainda que não seja o erro o que me assuste mas as suas consequências.

Estou às voltas com sentimentos que já havia esquecido e talvez não queira deixar - de novo -perdidos no tempo.
Tudo culpa de uma voz estranha que sempre me acompanhou e dá conselhos contrários ao meu bom senso. Ah! Como brigo com ela...como tira minha paz...

Sei que cada dia é um novo começo mas que a noite não põe necessariamente fim a tudo.
Entendo que preciso tomar decisões e que delas podem vir desilusões.
Posso desistir ou continuar, posso me calar ou então contar.
Mas também posso dormir...e esperar passar.

2.12.09


Hexa, por uma semana


Ainda que apenas por uma semana, terá valido a pena.

Tudo de improvável aconteceu no caminho para Campinas, na estrada que levava o Flamengo à liderança e nós a uma emoção sentida há 17 anos.

A viagem que começou às 10:30 do domingo guardou alguns sustos. No primeiro pedágio um carro à frente resolver dar ré e, já próximos à cancela do pedágio, não houve como evitar a colisão. Não tive tempo de perguntar se ele era vascaíno ou tricolor (botafoguenses, como sabido, não existem, são seres da imaginação coletiva), nem mesmo pude esperar a PRF para fazer o registro que garantiria a cobertura pela Seguradora, afinal, importava mais chegar logo ao destino. Prejuízo maior seria perder o jogo.

Já na Dom Pedro um pé d'água digno de "Águas de Março" não nos deixava enxergar uma coruja à frente, e, de repente, o limpador do para-brisas deixou de funcionar. O medo durou alguns minutos. A solução foi reduzir a marcha, ligar o pisca-alerta e, de olhos bem abertos, orar muito para que Deus nos guardasse.

TUDO acabou bem. Com 1 minuto Edu pedia substituição, e algum tempo depois Ronaldo 'sentia' a coxa e abandonava a batalha, sendo ovacionado pela torcida visitante emocionada com mais aquele demonstração de amor ao seu verdadeiro clube de coração. A essa altura ainda empatávamos e o São Paulo vencia o Goiás. A preocupação era grande mas continuamos a cantar. Logo após a saída do Traíra tudo mudou e foi uma sucessão de choros: gol do Zé Pretinho e 10 segundos depois o rádio anunciava o empate do Goiás que nos dava a liderança.

Antes do intervalo a Magnética ensandecida ainda vibraria com o segundo gol do Goiás e com uma defesa do Bruno em falta cobrada no ângulo pelo Chicão. O título estava pela primeira vez nas nossas mãos.

A longa fila de quase 2 décadas, as histórias recentes de fracassso..., tudo fazia com que, apesar da maré favorável, o pensamento de todos os rubro-negros em Campinas fosse de tensão, de alegria contida. Meu tio que havia deixado de acompanhar futebol nos tempos de Zico e andava desiludido com as pífias partidas nos últimos 25 anos, também voltou a vibrar com a equipe de Andrade e ligou no intervalo pra falar dos outros resultados.

A cada gol do Esmeraldino (ainda foram mais dois), o sorriso enlarguecia e só era travado quando o argentino do Corínthians resolvia assustar a Nação e tentava acabar com o sonho do Hexa. Pelos Céus, isso não aconteceu.

A cena que o Caco Barcellos não filmou foram vários de nós chorando ao final do jogo quase incrédulos com a derrota do São Paulo, a vitória que nos dava a liderança e a proximidade - outro dia tão improvável - de um título engasgado em 35 milhões de corações.

A volta foi sem sustos, sem chuvas, sem batidas, com muita conversa e com a ansiedade multipicada por 7. Se 7 serão os dias em que teremos sido líderes ou dos que faltam para a grande celebração ainda não sei, mas, certamente, a paixão de muitas gerações estará renovada e a perpetuação desse amor garantida para muitos rubro-negros que ainda nascerão e ouvirão histórias como essas vividas por seus pais.