Limites

Limites

23.1.10


Prisão e Liberdade

Não há quem nasça livre. No primeiro sopro já temos nome e sobrenomes que dizem a quem pertencemos. Primeiro estamos presos por não falar, por não andar, por só comer papinha. E assim a vida segue. Falando, andando, mastigando, e, enfim, escolhendo. Sempre buscando superar algo que nos limite, sempre tentando romper essas pequenas prisões.

Escolhemos amigos, amores, times, músicas, hobbies...mudamos de gosto. Mudamos de roupa, de amigos, de amores, de músicas, de hobbies. Nunca de time! Assim vamos todos os dias, presos à nossa alteração de vontade. E começa o paradoxo.

Aquilo que começa como um ato de liberdade, como a superação de barreiras que nos impediam de deixar de ser criança, torna-se a nossa nova prisão: ficamos presos na busca pela liberdade. Quando os anos passam e tomamos decisões que influenciam outros anos, outras pessoas, vemos que estamos ligados a muito mais que o nosso ego, que a nossa satisfação imediata. O vento de liberdade que sacudia o mundo aos 18 anos, já tem notas de preocupação.

Os compromissos aumentam, o número de gente afetada cresce, o risco é maior, a autocobrança é infinitamente mais tensa. E estamos presos na obrigação de decidir. Presos. Já temos pessoinhas as quais escolhemos o nome e damos nossos sobrenomes, elas nos pertencem! Temos emprego, reconhecimento, cargo, vaidade, bens. Temos histórias! E tudo isso nos prende. Queremos sair! Queremos voltar a correr sem hora, queremos caçar pipas.

Há um dia no qual entendemos que a liberdade é uma ilusão. Por vezes boa, outras nem tanto. Sempre estaremos ligados à nossa história, às nossas escolhas, aos resultados dessas decisões. Sempre estaremos limitados pelas nossas fraquezas, mas da mesma maneira seremos impulsionados pela nossa força: isso também é prisão. Quando tomamos consciência daquilo que é excelente em nós, do que nos faz diferente dos outros, passamos a repetir esses gestos, a desenvolver essas qualidades e já não somos mais tão soltos como antes.

A busca pela liberdade pode produzir novas prisões. Na falta de justificativa para os fracassos, para aquilo que não entendemos, há quem se imponha cercas que não existiam apenas para poder explicar porque não podem andar. Quem não conhece ou não sabe, não quer assumir essa condição. Quem não sabe para onde ir ou como fazer ou, ainda, porque a tentativa fracassou passa, dia após dia, a tentar menos, a se restringir mais, a criar mais desculpas para um círculo cada vez mais apertado, tenso, definitivo.

Nem todas as buscas libertam, nem todas as prisões são ruins. Como pregam filosofia e religião, a busca deve ser pela verdade e a verdade trará luz, trará a sonhada liberdade. Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.

2 comentários:

Unknown disse...

Adorei !!!!! Verdades perfeitamente organizadas. Conclusão inquestionável. Parabéns!

Anônimo disse...

Excelente!!
Ratifico o comentário da Roberta integralmente!!
Beijos!! Rê