Limites

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6.4.10

Dias a mais, dias a menos


É natural fazermos planos e é comum esquecermos deles. No decorrer dos dias, alagados por novas preocupações, tratamos de cuidar das urgências e no final de tudo queremos apenas uma boa noite de sono que repare nossos desgastes.

E assim a vida segue com conquistas, com experiência, com novidades que surgem em nosso caminho e vêm para ficar em definitivo. Vez por paramos e pensamos pra onde teríamos seguido, como estaríamos ou quem seríamos se uns dias marcantes tivessem tido um desfecho diferente. Imaginamos, acordamos e seguimos a vida. Sem perceber seguimos, buscamos novas conquistas, guardamos mais experiência e temos outras novidades eternas.

Mas e se você sentisse uma dor esquisita que te levasse a exames. E se o resultado desses exames te levasse ao diagnóstico de que seus dias estão contados? Tudo ficaria igual? Você permanerecia no mesmo trabalho, trataria as pessoas do mesmo jeito, faria os mesmos planos? Você deixaria a vida seguir o mesmo ritmo se no dia de hoje alguém dissesse que você não verá o final do ano?

Para alguns essa notícia libertaria sonhos proibidos e levaria a dias da mais pura canalhice. Já outros afundariam em depressão e esperariam sonolentos o fim que certamente se abreviaria. E nós, o que faríamos? Difícil dizer. Talvez alternássemos um pouco de cada, assim como os dias de inexplicável disposição e os de insuportável bode.

Claro que essa não é a primeira vez que alguém te faz essa pergunta. Afinal, o que pensar? De certa maneira nossos dias estão sim contados, só não sabemos quantos são. A diferença é que receber a notícia faz conhecido o nosso maior medo, mostra que talvez não tenhamos tempo para realizar muito do que planejamos ou para consertar as relações que não caminharam como gostaríamos.

Nossos dias estão contados. E então, o que fazer? Como viver?

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